Proibido dormir em serviço

Ao longo dos anos, um mamífero como este que vos escreve pode ir coleccionando contas bancárias, quase sem se aperceber. Fosse pela contratação de um crédito, pela constituição de uma poupança ou para aproveitar uma oferta promocional, a verdade é que a nossa relação com a banca é cada vez mais volúvel. E, como em muito outros sectores, parece haver um esforço imenso na captação de nova clientela, ao passo que o freguês conquistado é facilmente descartado. Ou mesmo castigado.
Foi precisamente o que me aconteceu: um banco que anteriormente não me cobrava comissões de manutenção, passou a cobrá-las, a partir do final de 2020. Julguei eu que, à semelhança do que fazem outros bancos, a comissão não fosse devida caso tivesse o saldo da conta à ordem a zero. Puro engano: vou acumulando “comissões em dívida” até que apareça saldo na conta à ordem para liquidar as comissões em dívida acumuladas. O mais pernicioso nesta história toda é que o saldo vai aparecer, uma vez que tenho constituído um depósito a prazo não mobilizável (este depósito foi constituído bem antes de o banco dar a conhecer o novo preçário). Resumindo, quem vai levar boa parte do juro gerado pelo dinheiro que eu emprestei ao banco será o próprio banco, por força de uma comissão que implementou depois de eu ter constituído o depósito.

Temendo a repetição da história, procurei saber que mais contas adormecidas poderia ter. E a verdade é que é fácil obter a informação sobre as contas bancárias em seu nome: basta consultar a base de dados de contas do Banco de Portugal. A autenticação é feita através do Cartão de Cidadão (é necessário o leitor de cartões) ou com as credenciais do Portal das Finanças. A informação que se obtém é uma lista detalhada de tudo o que está no seu nome: contas, poupanças (como depósitos a prazo), créditos (incluindo cartões de crédito) e outros produtos financeiros. Se tiver contas adormecidas, o melhor é acordar para a vida.